SÃO PAULO/PORTO ALEGRE, 31 de outubro (Reuters) - Os dois candidatos que disputam a vaga de principal líder do país a partir de 1o de janeiro do ano que vem votaram na manhã deste domingo e adotaram discursos distintos. Enquanto a favorita Dilma Rousseff (PT) falou em governar com os partidos de sua coligação, José Serra (PSDB) disse ter travado uma "batalha desigual" pelo Palácio do Planalto.
Dilma foi a primeira a votar. Acompanhada do governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), ela não falou aos jornalistas após registrar seu voto na urna eletrônica. Mais cedo, no entanto, após tomar café da manhã com aliados, apostou na coligação que a apoia para governar o país.
"A minha coligação, a coligação que me trouxe até aqui, é a coligação com a qual vou governar", disse a petista. Ela garantiu, entretanto, que, se eleita, governará para todos os brasileiros.
"Amanhã começa uma nova fase da democracia, é exigido que as pessoas que assumam a direção do país tenham sentido republicano e sentido democrático de governar para todos", acrescentou.
Serra votou mais tarde, em um colégio na zona oeste de São Paulo. Na saída, o candidato tucano, que disputa sua segunda eleição presidencial, fez um pronunciamento e disse ter travado uma "batalha desigual" na disputa pelo Palácio do Planalto.
"Essa campanha me tornou mais otimista em relação ao Brasil, por toda a confiança e esperança que encontrei em todos os cantos do Brasil, e motivação hoje para nosso empenho nessa batalha, uma batalha desigual", disse o tucano.
Se os dois candidatos adotaram discursos comedidos, seus apoiadores mais famosos --o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso-- não pouparam críticas.
Em São Bernardo do Campo, berço político do PT, Lula fez críticas ao que considerou "baixo nível" da campanha e culpou Serra diretamente pela pancadaria eleitoral.
"Acho que o candidato Serra sai menor dessa campanha porque a agressividade deles à companheira Dilma Rousseff é uma coisa que eu imaginava que já tivesse terminado na política brasileira", atacou Lula, que se disse confiante na vitória de Dilma, de quem foi o principal cabo eleitoral.
Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, partiu para o ataque contra o presidente, cujo governo classificou de intransigente e intolerante.
"O governo do presidente Lula se caracterizou pela intransigência e pela intolerância. Para eles, um é bom e outro é mau. E no PSDB mau sou eu", afirmou.
"O Brasil precisa de pontes, e pontes devem ser construídas. Por enquanto, o PT e o presidente Lula foram dinamitadores de pontes", acrescentou Fernando Henrique.
O ex-presidente, que governou o país entre 1995 e 2002, comparou as pesquisas eleitorais, que dão vantagem de no mínimo 10 pontos percentuais para Dilma, a previsões climáticas, que podem sofrer mudanças súbitas.
No Rio de Janeiro, onde registrou seu voto logo cedo, o deputado federal Indio da Costa (DEM), candidato a vice na chapa de Serra, foi mais longe e disse que as sondagens estão "erradas".
"Independentemente do resultado, a diferença não é de 10, 12 pontos. A margem será pequena", disse o parlamentar, que minimizou os ataques feitos entre as partes durante a disputa.
"Já vi eleições mais duras que essa. O PT está acostumado a dar cotovelada e dessa vez levou de volta."
A votação em todo o país deve terminar por volta das 19h (horário de Brasília) por conta da diferença de fuso horário no Acre. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) espera anunciar o novo presidente eleito ainda na noite deste domingo.
(Reportagem de Sinara Sandri em Porto Alegre; Fernando Cassaro e Carolina Marcondes em São Paulo; Hugo Bachega em São Bernardo do Campo; e Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro)